Como você está?
Como está sua saúde mental?
A Pandemia nos fez refletir, um pouco mais, sobre a importância do das relações, do vínculo, do lazer, das amizades, da atividade física e, enfim, da Saúde Mental na sustentação da vida.
Nos fez perceber a importância das singularidades, das apostas, do sorriso para uma vida qualificada.
Agora me diga: Já parou para pensar no assunto? Alguma vez refletiu se os seus pensamentos, ideias e sentimentos estão em harmonia? Sabe a diferença entre saúde mental e doença ou transtorno mental? Importante mencionar que o primeiro refere-se à saúde e, os outros, à ausência dela. Não existe, porém, uma definição oficial para o conceito de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Talvez isso, pode influenciar no estigma relacionado ao tema.
Para além disso, é essencial pensarmos que como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental.
Assim, tê-la ou alcançá-la está muito longe da ausência de transtornos mentais. O desequilíbrio emocional facilita o surgimento de doenças mentais. Podemos dizer que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a nossa capacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a nossa habilidade em manejar de forma positiva as adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros, algo muito maior e anterior ao início dos transtornos mentais.
Ressalta-se que a forma como uma pessoa reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções podem impactar nossa Saúde Mental. Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida: ESTRESSE, BRIGAS, ATRASOS, ADVERTÊNCIAS, DOENÇAS, INCAPACIDADES, LIMITAÇÕES, FALTA DE FAMÍLIA (OU EXCESSO DE FAMÍLIA), POUCO DINHEIRO(OU MUITO DINHEIRO). Além desses, o ideal de perfeição fortalecido nas redes sociais e essa demanda pela completude, podem nos adoecer porque o FALTAR ALGO nos falta. Ou seja, a falta de algo nos trás movimento e nos conecta com nossa identidade. Portanto, diversos são os fatores que podem influenciar negativamente a nossa saúde mental.
Outro ponto importantíssimo a ser dito neste momento em que nos preparamos para o dia Internacional da Saúde Mental é o PRECONCEITO. Sim, o preconceito ainda é bastante presente na sociedade. Começando pelo lugar que a loucura ocupou na história – o louco como alguém a ser afastado, enclausurado, aquele que não compartilha da ‘mesma realidade’ que os demais. Durante bastante tempo a loucura esteve associada àquele intangível que está relacionado ao mal, ao descontrole, ao diferente. Hoje em dia, as questões de saúde mental ainda ocupam um lugar bastante nebuloso. Um diabético tem um exame com uma medida glicêmica que prova o que ele tem e o mesmo vale para questões cardíacas e as demais doenças crônicas. Como a saúde mental está no corpo e no meio, muitas vezes é concebida como uma fraqueza do sujeito, algo sobre o qual ele teria condições de atuar e não o faz. Quem nunca ouviu falar: NOSSA, MAS AQUELE MENINO TEM TUDO, POR QUE ESTÁ DEPRIMIDO? Troque a depressão por câncer e veja como fica esquisito: NOSSA, MAS AQUELE MENINO TEM TUDO, POR QUE ESTÁ COM CÂNCER? A maioria da sociedade ainda tem dificuldade em reconhecer que é uma doença e ainda ampliar o conceito de saúde e doença. É importante falar disso: ter saúde não significa necessariamente não ter nenhuma doença. O preconceito e julgamento pode prejudicar aquele que sofre visto que as pessoas não querem ser reconhecidas no lugar daqueles que têm transtornos mentais, com o risco de serem vistos como fracos ou descontrolados, algo que vai desde questões morais até as questões éticas. No caso de crianças então ( e de acordo com o texto que escrevemos na semana passada), a família se sente muito culpada e exposta.
VALE A PENA LEMBRAR QUE BOA PARTE DA POPULAÇÃO ESTÁ DEPRIMIDA E ANSIOSA, MAS NÃO ESTÁ INTERNADA, POIS AINDA CONSEGUEM SE SUBMETER AO FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE E FREQUENTAM O TRABALHO, A ESCOLA E OUTROS LUGARES SEM FAZER GRANDES ALARDES. Combater o preconceito é sempre falar sobre o tema, propor debates e tentar entender que todo mundo tem seu jeito de funcionar, mesmo que seja bastante diferente do seu jeito. E tentar construir formas de convivências que não afastem quem é “diferente”. Na infância, por exemplo, as crianças com autismo têm bastante dificuldade de inserção nas escolas. Falta, da parte de todos, um pouco de empatia e flexibilidade para pensar onde encontramos o ponto comum. Não é que essas crianças não aprendem, elas aprendem de outro jeito. Não é que não sabem brincar, elas brincam de outro jeito. Mas a vida corrida não nos dá tempo de aprender o outro jeito de fazer as coisas.
No mundo adulto também falta bastante conversa sobre isso. Todo mundo tem que ser muito bom, o tempo todo. Tem que ser 100% em tudo: na amizade, no trabalho, na família, na academia, na escola (já parou para pensar quantos papeis sociais representamos?). Temos que falar mais sobre isso, temos que nos permitir sofrer quando é preciso, reconhecer o sofrimento do outro, ter compaixão.
Não feche os olhos. Há pessoas precisando de nós de nosso apoio, de nosso acolhimento. Se essa pessoa é você: procure ajuda!
Este ano o serviço de comunicação das Irmãs Hospitaleiras opsitaleirasHHlançou a campanha internacional por ocasião do “Dia Mundial da Saúde Mental” para trabalharmos juntos e gerar sinergias a nível global, com o lema global: “Saúde mental num mundo desigual”. O objetivo é evidenciar o estigma e a discriminação que as pessoas com doença mental vivenciam e que, em maior ou menor medida dependendo de cada realidade, afetam as suas oportunidades educacionais, os seus rendimentos, as suas perspectivas de trabalho, as suas relações sociais … Desigualdade Seja o que for é: social, econômico, de gênero … afeta a todos nós e todos temos um papel a desempenhar na eliminação dessas disparidades e na garantia de que as pessoas com doenças mentais estejam totalmente integradas em todos os aspectos da vida.
Além disso, é um convite a pensarmos para além e reconhecermos nesse processo de viver e de fazer a diferença. Seja apoio, faça apoio! Eu vejo você!!!
Por Marina Diva de Oliveira – Diretora Hospitalar