O surgimento da COVID-19 causou medo e pânico no mundo inteiro, com isso, aprendemos a lidar, entender, tratar e como evitar doença. A vacinação contra a Covid – 19 tem trazido a vida ao normal, e com isso estamos lidando com novas dificuldades, a volta dos costumes e a reorganização de tarefas antes triviais e como orientar jovens e adolescentes a diminuição do uso das telas.
Embora a pandemia tenha durado aproximadamente 1 ano e meio, tendo em vista as demais pandemias, esse tempo é considerado pouquíssimo, mas foi capaz de modificar hábitos de vida e de consumo, que possivelmente não reverterão com a dose de uma vacina, e quando digo isso, estou me referindo ao uso de tablets, computadores e celulares pelos os jovens e adolescentes. Com a imposição do distanciamento social e a reclusão em casa, os pais tenderam a liberar mais horas de internet para os filhos, não apenas para entretê-los, mas para que pudessem trabalhar em home office além da necessidade de atividades escolares de forma remota e online.
Jogos que permitem jogar juntos com os amigos foram essenciais nos meses em que a pandemia estava agravada, e consequentemente, essas horas a mais em suas rotinas, o que já era uma queixa recorrente dos pais em consultórios, tenderam a piorar. Pesquisa realizada em 2019, pela UFES, com 2 mil adolescentes entre 15 e 19 anos, mostrou que 25,3% dos jovens são dependentes moderados a graves de ferramentas virtuais. A extensão do dano tende a piorar, mostrando que 34 % deles sofrem de ansiedade, tendo piorado com a pandemia.
Os jogos eletrônicos, assim como, as redes sociais ativam o sistema de recompensa do cérebro, o circuito que processa essa informação relacionada à sensação de prazer e satisfação, o que faz ser mais difícil desligar os jogos, pois é a mesma região acionada pelo o consumo de chocolate e uso de drogas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, é recomentado que de zero a dois anos a criança não tenha nenhuma exposição a telas, dentre elas tablets, celulares, computadores e televisores entre dois e cinco anos, é recomentado no máximo 1 hora em frente uma tela. De seis a 10 anos, entre 1 a 2 horas e dos 11 aos 18 anos a exposição não deve ultrapassar a 3 horas, incluindo jogos eletrônicos.
Entretanto com a vacinação em massa avançada e, consequentemente, o retorno as atividades escolares presenciais, após essa imunização da população, será um desafio voltar aos padrões saudáveis e aceitáveis de uso da tecnologia. A recomendação aos pais é conversar com os filhos e ponderá-los concomitante a imposição de limites. É bom lembra-los o quanto eles sentiram falta de sair de casa no ano passado. Agora que eles podem voltar aos poucos a rotina, qual a necessidade de ficar horas perante a um computador? Que esse novo momento seja divididos em atividades que antes eles estavam impedidos de realizá-las mas que agora já podem ser retomadas, como ir ao clube, à pracinha, escola, esportes ao ar livre ou até mesmo viajar para destinos respeitando as medidas de segurança, por estarmos vivendo o retorno a uma nova normalidade.
Por Diego Delfino – Médico Psiquiatra