Natural de Alfaiates, uma pequena aldeia em Sabugal, Portugal, Irmã Cecília cresceu em um ambiente simples, onde desde cedo se sentiu atraída pela vida religiosa. Participava com entusiasmo da catequese, romarias, procissões e de uma missão popular realizada pelos Redentoristas quando ainda tinha 14 anos. Essa experiência fortaleceu em seu coração o desejo de conhecer mais profundamente a pessoa de Jesus.
Com dificuldades para continuar os estudos devido à distância de centros maiores, ajudava sua mãe nas tarefas domésticas e nos cuidados com os irmãos menores. Ainda assim, permanecia ativa na vida da Igreja, participando da Cruzada Eucarística e, depois, da Ação Católica.
Uma pessoa marcante nesse processo de discernimento vocacional foi sua catequista: “Era uma mulher de Deus. Eu a admirava muito pela forma como conduzia a catequese e pela sua coerência de vida”. As visitas das Irmãs Hospitaleiras à sua terra também a inspiraram profundamente.
Aos 15 anos, ingressou em um colégio da Congregação para continuar os estudos e iluminar a opção vocacional. Durante três anos, viveu intensamente a espiritualidade e a missão hospitaleira, fazendo sua escolha definitiva: servir aos doentes. A Palavra de Deus foi sua maior motivação, especialmente o trecho de Mateus (25,39-40): “Tudo o que fizeste ao mais pequeno dos meus irmãos, a Mim o fizeste.”
Realizou formação humana, espiritual e profissional, concluindo o Liceu e os estudos em Enfermagem Psiquiátrica, que a prepararam para servir de forma ainda mais qualificada.
Missão no Brasil e amor à hospitalidade
Em 1972, veio para o Brasil, onde realizou Administração Hospitalar e exerceu funções administrativas em diversos Centros Hospitaleiros: Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Caminho, Divinópolis, além do serviço em comunidades religiosas.
Esteve também por 12 anos em Campina Grande do Sul (PR), atuando na Paróquia Nossa Senhora de Fátima como secretária. Embora inicialmente enxergasse essa atividade como algo distante da missão, logo compreendeu que o Carisma Hospitaleiro cabe em qualquer lugar: acolher, escutar e fazer-se um com quem sofre.
“O que me encanta na missão hospitaleira é que nada mais é do que viver o amor mútuo, em todas as circunstâncias. É viver fraternidade e solidariedade universal.”
Uma vida sustentada pela fé
Para Ir. Cecília, viver a vocação é um desafio constante que exige entrega e fidelidade. Ela traz no coração a força da Palavra de São Paulo: “Sei em quem confiei.” Essa certeza sempre a sustentou, especialmente no período recente de doença:
“Foi difícil, mas em nenhum momento duvidei da vitória. Deus é bom o tempo todo.”
Cuidar da vida é, para ela, a maior expressão do amor divino:
“Só temos uma vida e vale a pena gastá-la fazendo o bem.”
Mensagem às jovens
Com alegria e esperança, ela deixa um conselho às que sentem inquietação vocacional:
“Escutem o que Deus quer de vocês e não tenham medo de lançar-se. A vocação à Vida Religiosa é linda e nos realiza como pessoas. Nascemos para amar sem restrições.”
Uma trajetória marcada pela alegria
Celebrando 62 anos de consagração, Irmã Cecília recorda que a fidelidade de Deus sempre a guiou. A vida religiosa, para ela, é espaço de felicidade, como já dizia o Papa Francisco:
“Na vida hospitaleira, a alegria é característica da nossa doação aos doentes.”
Com o coração cheio de gratidão, ela afirma:
“Sou feliz por ser Irmã Hospitaleira!”








