O Alzheimer é um tipo de demência associada a alterações cognitivas, comportamentais e funcionais que tem sido cada vez mais diagnosticado. Estas alterações fazem com que seja comum episódios de ansiedade, raiva, inquietação e agressividade. Estes sintomas e as demais alterações impactam diretamente na realização das atividades básicas de vida diária (ABVD´s) como por exemplo banho, alimentação e vestuário, exigindo cuidados constantes de familiares ou cuidadores.
Um dos pontos principais para auxiliar nestes cuidados é a estruturação de uma rotina. Isto favorece o controle das alterações comportamentais; diminui o estresse familiar e a ansiedade do idoso; possibilita ao sujeito manter-se inserido na dinâmica familiar, além de melhorar a organização e orientação temporal.
A inclusão de atividades significativas na rotina também auxilia na melhoria da participação do sujeito e em sua qualidade de vida. Para isso é necessário saber quais atividades que gosta/gostava de desempenhar (por exemplo, leitura, artesanato, cuidados com plantas, jogos) e que lhe geravam prazer e bem estar. Incluí-las num horário próximo a atividades mais difíceis de serem executadas pelo idoso pode ser uma boa estratégia para permitir sua realização.
Um bom exemplo de ABVD que geram resistência é o banho. É comum o idoso não querer tomar e ficar agitado, gerando dificuldade para o cuidador. Confrontá-lo dizendo que ainda não tomou banho e que o precisa fazer não traz bons resultados. Uma opção é fragmentar essa atividade através de comandos mais simples (linguagem curta e objetiva favorece a compreensão): inicialmente solicitar a ele que caminhe, que entre no banheiro, tire a roupa, vá para o chuveiro (atentar para a temperatura da água e já deixar os acessórios como shampoo e sabonete no local). Sempre que possível estimular que o idoso seja ativo, portanto possibilitar que lave e/ou seque as partes de seu corpo que conseguir. Associar este momento a outra atividade prazerosa como por exemplo, tomar sol depois, também pode auxiliar.
Para favorecer maior aceitação e participação também podem ser utilizados recursos sensoriais como música, cheiros (memória olfativa), texturas, dentre outros. Cada sujeito tem uma resposta sensorial, portanto é importante avaliar cada caso para compreender qual, como e onde este estímulo deve ser aplicado. Um dos motivos de agitação no momento da alimentação pode ser o excesso de estímulos visuais como copo e pratos muito estampados. Nestes casos optar por objetos com menos informação, ou seja, mais lisos favorece melhor organização dos estímulos.
Apesar de ser uma doença constantemente divulgada deve-se ter o cuidado de não generalizar as pessoas acometidas por ela. Cada uma pode apresentar sintomas diferentes considerando ainda as diferentes fases que a caracterizam. O sujeito é singular, seja em suas vivências, interesses, habilidades ou dificuldades, portanto requer uma avaliação adequada e personalizada, possibilitando assim um tratamento mais eficaz.
Por Laura Marques | Terapeuta ocupacional do Hospital São Bento Menni